Nunca me esqueço de um vídeo da Maria Homem, em que ela fala do mito de que universidade pública é uma zona, no sentido de festas, drogas e sexo. Ela joga no ar uma reflexão que pode doer em muitas pessoas:
- Será que o outro está gozando mais que eu ?
Mas por que começar com esta reflexão dela? Bom, tenho conversado com muitas pessoas, nos apps do Brasil afora, e também com amigos e leitores do blog. Em várias ocasiões, surge o assunto das novas " regras " dos relacionamentos, das aberturas, fechamentos e whiskas sachê... Acontece que o tema relacionamento aberto era muito mais tabu que hoje em dia. No entanto, muito se fala, atualmente, no tema, o que faz surgirem pessoas que se consideram experts ou mesmo que aproveitam a onda pra surfar num falso moralismo.
E tentam te colocar um rótulo, de qualquer jeito:
- Se você vê pornô e transa pouco, tá errado;
- Se você se considera monogâmico e flerta, tá errado ;
- Se você está em apps, como o Grindr, mesmo com o parceiro sabendo, está errado;
- Se você lembra de um ex, com algum desejo, tá errado, pois significa que não deseja o atual;
Bom, eu poderia ficar dias listando os absurdos que ouço e do que as pessoas esperam de comportamentos alheios...
E quando se trata de uma pessoa com quase 40, gorda, PCD e que ainda consegue ficar com mais novos, soa como uma afronta a algumas pessoas. Já cheguei a ouvir algo como:
- Você deveria ser grato por estar num lugar de privilégio ( em ter alguém ) ! Como ousa não estar satisfeito com o que já tem e muitos querem?
Ora, ora, ora. Nisso eu viro pro meu namorado e conto. E pergunto, dando risada, se sou grato. Ele ri e confirma que sim. E é divertido ver pessoas se incomodando tanto ou querendo editar regras nos relacionamentos alheios.
Isso quando não vem aquela bee que quer competir.
- Me mostra seu namorado. Quero ver se é mais bonito que eu !
Bicha, melhore. Você será apenas a marmita. E tá tudo bem. Ser marmita é vantagem pra muita gente e conheço alguns que até preferem. Nem tudo é sobre protagonismo. Ás vezes deixar este palco, atiça até mais um pouco o flerte.
Voltando aos fiscais de relacionamento aberto, que às vezes querem converter o monogâmico, como se fossem testemunhas de jeov@, estes cidadãos vão ficando cada vez mais ressentidos, ao notar que resisto a entrar nestes rótulos.
- Mas se você tá no app, seu relacionamento é aberto, né?
e respondo:
- Depende. Se for pra alguém que interesse aos dois e se interesse por nós, talvez seja. E talvez deixe de ser a qualquer momento. Não é uma licença, tipo PMO...
E a patrulha do relacionamento aberto já estava com nossas fotos e nomes impressos, pra confeccionar um crachá. Tudo aparentemente gratuito. Não se dêem o trabalho, amigas. Aqui tá tudo bem. E tá tudo bem pra quem nos acha retrógrados, incoerentes e disruptivos. Neste caso, em específico, não vamos nos rotular.
Uma pergunta que gosto de fazer antes de qualquer possibilidade de discussão ou atrito:
- Sou obrigado?
Caso não seja... prefiro não... como faria o célebre Bartleby, de Melville.
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