sexta-feira, 28 de maio de 2021 0 comentários

Colapsando

 


Nas últimas semanas, acabei me atraindo muito pela obra e história da autora Virginia Woolf. Talvez não pela história em si ou pelos assuntos tratados, mas por me identificar com seu temperamento e sua psique sempre a beira de um novo colapso.

Sim, ultimamente até as tarefas mais básicas, como levantar da cama e preparar um café, tem sido um martírio. Fico horas na cama, após acordar, pensando no motivo de levantar. Além de tudo, isso fez com que eu ganhasse peso e sabotasse ainda mais a minha alimentação.

Retornei à terapia mês passado e tem me feito muito bem. A psicóloga é jovem, iniciante, tem idéias novas e se arrisca bastante pra tentar desenrolar meu " novelo ". Porém, sinto que somente a terapia não seja suficiente pra amenizar meu desânimo. Pensei em psiquiatra, mas fico com receio de algum remédio alterar algo na minha personalidade. Me tornar um robô? Neste caso, prefiro conviver com a melancolia do cotidiano.

Ser invisível no trabalho, costuma ser a última fase de um processo de ruptura e mudanças. Talvez eu opte por sair deste cargo, em algum momento. Ou podem me desligar, obviamente. Mas com a situação econômica caótica instaurada pelo governo Genocida, não dá pra correr riscos. Sinceramente não esperava que o ato de tornarem minha pessoa um ser invisível no trabalho, afetaria tanto meu dia a dia. Acabei me desmotivando pra novas idéias. A vontade de expor erros e propor mudanças, cessou também. Quase tudo perdeu o sentido. Não assumi nenhuma responsabilidade alheia, que pudesse me sobrecarregar. Passei a adotar o velho ditado " A César, o que é de César ". Se eu não estou sendo valorizado, me deixem em paz e não me pressionem, ora essa. 

E esse processo de invisibilidade refletiu nos estudos. Além do fato de a graduação de Ciências Contábeis não ter nenhuma afinidade comigo, o incômodo de ter que remar contra a maré e sem ter pra onde ir, fez eu ficar imóvel, sendo levado pela maré. Ah, mas eu poderia concluir a faculdade e aproveitar esse conhecimento pra outra vaga contábil, no mercado. Não... não me imagino nessa rotina. Coloquei na minha lista de leitura o conto "  Bartleby, o escriturário ", para refletir sobre a questão de como é ser um burocrata. Aquela pessoa que apenas cumpre ordens, de forma mecânica, sem pensamento crítico. Particularmente, isso é como morrer em vida. Não desejo isso pra mim.




 
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