sábado, 10 de fevereiro de 2024 0 comentários

Carta para Cologna - Nº 1

 


Hey, você... sou eu aqui, no caótico Rio de Janeiro. Sábado de carnaval, de folga. Deveria estar repondo meu sono acumulado, mas acordei com sede e ao tatear um copo d'água na cabeceira, acabei derrubando-o no chão. Tive que levantar, secar tudo. E os pensamentos vieram me invadir.

Pensamentos efêmeros e sem sentido, oriundas de um afeto que não tem explicação. Ou deveriam ser explicados os afetos? A verdade é que não sei. Dei murro na ponta de faca, até que a ela perdesse o corte. Consegui a verdade, mas a um preço altíssimo. Por mais que eu não tenha certeza do que é real, vindo de você.

Seria uma outra configuração de conversa, eu sabendo das suas escolhas. Não é nada ilegal ou condenável. Particularmente, vai na contramão de todos os meus valores, mas é a sua vida. Me senti um pouco mais tranquilo, por um lado, por saber que eu realmente não teria como oferecer o que você " buscava ", nem mesmo se me esforçasse. Porém, por outro lado, minha frustração mudou e aumentou, por não ter percebido antes e te alertado ou mudado este arco da história. É possível mudar caminhos? Uma espécie de Efeito Borboleta?  A ficção sempre mostrou que isso dá problemas seríssimos. Eu sempre me considerei uma pessoa que não habita o tempo e o espaço corretos. Gostaria de poder transitar.

Você sabia que uma voz dentro de mim chegou a me culpar quando eu soube da história do bullying que você sofreu na escola? Fiquei extremamente incomodado e comecei a investigar dentro de mim, a raiz da angústia. Me dei conta de que eu achava que era minha responsabilidade estar perto naquele momento e te proteger daquilo. Mas eu nem te conhecia ! Pouco importa. Não é nada racional. Deixei pra lá e sorri. Mas bem que eu poderia ter feito algo. Você não precisava ter passado por isso. Será que hoje você não estaria num relacionamento sem afeto, se esse trauma sumisse? Não dá pra brincar de Deus. São hipóteses, totalmente sem fundamento.

Estou ouvindo uma playlist que fiz, com músicas da Lana Del Rey, começando com " Young and Beautiful ". Essa faixa é realmente uma obra prima e me pega muito. Ela se encaixa muito bem na obra de Oscar Wilde e da sua obra suprema " O retrato de Dorian Gray ". Me peguei pensando em como isso te afeta. Penso em um dia obter um resquício da verdade sobre o que você pensa sobre. Me parei olhando pra última foto que você me mandou. É uma expressão totalmente diferente. O desgaste da trajetória muda nosso olhar e nossa expressão. Você estava certo, quando disse que não era mais aquele garoto que eu conheci. Sim, talvez não seja, mas não me importo. Eu também não habito mais o corpo de 2017.

Sobre esta questão da juventude, que passa voando, eu sempre penso em você. Esta situação em que se encontra, você deve estar ciente de que é algo provisório. Caras que bancam garotos, sempre vão procurar garotos mais novos, com o passar do tempo. Talvez haja exceções, se ele sentir algo por você. Mas eu não sei detalhes da história, pois rompemos pela enésima vez e nos afastamos. Você sabe que ainda dá tempo de voltar atrás e recuperar parte da sua história, vivendo numa relação com amor, não sabe? Não quero que você olhe pra trás, pra sua história e se arrependa. Pelo menos pra mim, uma vida sem amor não merece ser vivida. É preciso sentir aquela sensação de amar e ser amado.

Quando você reapareceu, tempos atrás, eu imaginava motivos melhores, que me beneficiassem. O orgulho é uma coisa tão idiota, que me faz rir. Eu sempre esperei que você fosse assumir que eu era a pessoa que mais te amou e que talvez tenha sido o maior sentimento que você sentiu. Mas suas intenções sempre foram muito enigmáticas e ambíguas, como sempre foram comigo. Esse jogo psicológico, como você mesmo diz, é algo que excita, mas faz purgar. Ouvir que um cara que nunca quis te conhecer foi o mais próximo de amor que você teve, me fez lembrar o filme" Brilho eterno de uma mente sem lembranças ". É como se você tivesse me deletado da sua história e da sua memória, mesmo estando conversando comigo. E eu me sentindo silenciado e claustrofóbico, sem que você pudesse ouvir minha versão da verdade. Resumindo, a história de que você me procurou porque uma taróloga te recomendou fazer as pazes com seu passado, nunca colou pra mim. Até porque não se encaixa com outra camada sua, que insiste em diminuir o que tivemos. Às vezes penso que seria muito mais simples você dizer que sentia minha falta, por mais que eu não fosse acreditar. Sim, entramos neste cenário de areia movediça, em que a verdade não está mais sendo servida à mesa, como deveria.

E o idiota aqui quer apenas desabafar e tirar esses pensamentos da cabeça. Não há objetivos e nem nada a ser conquistado. Estou casado, num relacionamento bom e duradouro. E você está em outro continente, na vida que supostamente você sempre quis, com uma pessoa que não sei se existe. Sim, eu sou grato todos os dias no meu relacionamento e converso sempre sobre essa questão que tenho com você. São histórias diferentes e camadas minhas totalmente fora do alcance dele. O diálogo existe e não há segredos. Não sinto vergonha deste caos, muito pelo contrário. Me sinto humano, vil e mortal. As coisas não saíram como eu gostaria, com relação a você. Mas gostaria que soubesse que podemos conversar ainda, sem ressentimentos, pelo menos da minha parte. Eu não sei se as pessoas que se afastaram de você, o fizeram por saber da sua opção de trajetória. Eu não sou essa pessoa, por mais que talvez eu seja uma das mais atingidas, psicologicamente, pela sua desistência. 

É como um espelho rachado, sabe? Eu gostaria de imaginar você num relacionamento mais feliz do que poderíamos ter tido. E fico olhando pra aquela foto sua, na luz, com as sombras da grade das janelas. E olho nos seus olhos, divagando, tentando tirar respostas, como se fosse um oráculo. Não vem nada e me pergunto " o que aconteceu ? ". É... realmente não sei o que aconteceu. Também não sei se vai ler esta carta. Não sei de nada. Não sei se você um dia vai me mandar uma mensagem com bons ou maus afetos. O silêncio sempre foi sua resposta pra qualquer situação que fuja do seu controle, pelo que me disse. Bom, gostaria que pelo menos entre nós, não fosse necessário.

Ainda estou aqui, não sei por quanto tempo. Vou deixar esta carta no seu canal do Youtube, que é a última porta aberta que você me deixou. Não sei se consciente ou inconscientemente ela foi deixada. Não sei se lê os comentários. É um tiro no escuro, mas precisei disparar. Como diria Simone de Beauvoir, " o tempo é irrealizável ".

Existem muitas coisas que devo ter deixado de dizer, acumuladas, mas quem sabe numa próxima carta...


" Não mais me deitar no feno perfumado ou deslizar na neve deserta.
Onde eu exatamente me encontro?
O que me surpreende é a impressão de não ter envelhecido, embora eu esteja instalada na velhice.
O tempo é irrealizável.
Provisoriamente o tempo parou para mim.
Provisoriamente.
Mas eu não ignoro as ameaças que o futuro encerra, como também não ignoro que é o meu passado que define a minha abertura para o futuro.
O meu passado é a referência que me projeta e que eu devo ultrapassar. 
Portanto, ao meu passado, eu devo o meu saber e a minha ignorância, as minha necessidades, as minhas relações, a minha cultura e o meu corpo.
Hoje, que espaço o meu passado deixa para a minha liberdade hoje? Não sou escrava dele.
O que eu sempre quis foi comunicar unicamente da maneira mais direta o sabor da minha vida. Unicamente o sabor da minha vida.
Acredito que eu consegui fazê-lo. 
Não desejei e nem desejo nada mais do que viver sem tempos mortos. "


Simone de Beauvoir


sábado, 4 de novembro de 2023 0 comentários

Um dia, há 11 anos - Parte 1


 Juro que não me lembro quantas vezes e de quantas maneiras contei esta história, seja aqui ou em outros blogs. Parece que o tempo vai criando novas interpretações, novas visões e eu não quero que isso vire uma história de pescador rs. Um dos meus maiores temores na vida, é o de perder a memória. Isso me estimula a escrever. 


Há 11 anos, no feriado das almas de 2012, algo aconteceu. 

Eu passei boa parte da minha adolescência e juventude, me achando uma pessoa estranha e que não era digna de receber afeto. Algumas garotas demonstravam interesse e eu ria. Sempre achava que era uma pegadinha. Nunca levava a sério. Com o tempo, isso foi mudando. Em relação a garotas, tive pelo menos quatro que me enxergaram e jogaram luz na minha auto estima. Acredito não ter retribuído tão bem, por imaturidade. Depois de alguns anos, aceitei minha bissexualidade e passei a priorizar garotos, sem dizer nunca pra garotas. 

Qual o sentido desse parágrafo anterior? Bom, em relação a garotas, eu sempre fui escolhido e nunca tive a chance de ter um tipo de garota no meu imaginário, tomar a iniciativa e conseguir. Às vezes achava algo pouco provável. Sinceramente nunca tive muito tato para as nuances e particularidades do feminino, principalmente sobre entender o " não dito ". Até que surgiu uma garota, em 2009.

Eu estava no meu primeiro relacionamento sério, com um garoto. Era o segundo ano de relação. Porém, as coisas não iam bem. Por sermos amigos, eu achava que a relação já começaria bem, mas as diferenças começaram a aflorar. Nisso, com 24 anos, eu criava algumas rotas de fuga pro meu imaginário, pra compensar a falta de afeto do meu atual relacionamento. Em outra época, já teria dado um fim. Mas nesse cenário, começando a escrever num blog, fui procurando outros pra seguir e ganhar seguidores também. Até que encontro um, meio dark e com poesias, chamado Evidentes Pensamentos. Fui no perfil da dona do blog. Caramba! Que garota maravilhosa. Ela transbordava energia, mas de forma tímida e retraída. E fiquei pensando como deveria ser aquela menina na vida real. 

Lembrando que era uma época antes dos smartphones. Não era tão impossível como hoje, uma garota incrível conversar com um cara comum, como eu. Atualmente, criou-se um grande abismo no diálogo. 

Comecei a deixar comentários, elogiando as postagens dela. Vi que ela tinha deixado o email no perfil. Começamos a trocar e-mails e ela passou a comentar no meu blog. Meu espaço de escrita era totalmente autoral, como um diário. E eu sempre vi as pessoas de forma binária e pensava: Se ela vê que me relaciono com um garoto, a chance que tenho de impressionar a ela se reduziria a quase zero. Seria no máximo, o esteriótipo do amigo gay, confidente e chaveirinho de garota ( dispenso ). 

O tempo foi passando, tive idas e vindas no meu relacionamento. Ela perde o pai, precocemente e isso marca muito a vida dela. Tornou-se mais fechada. O brilho foi se apagando. Me aproximei, como podia. Conversávamos bastante no MSN e passamos a trocar SMS. Ela chegou a ter um namoro breve, que não deu certo e estava trabalhando numa loja de sapatos. Até que ela se estressa com a gerente, fala poucas e boas e é demitida. 

Nesse cenário, em 2012, eu já estava praticamente jogando a toalha no meu relacionamento. Já estávamos há quase cinco anos e o que eu esperava nunca chegava. Sentia que o tempo estava passando pra mim e que eu precisava aproveitar o restinho da minha juventude. 

Eu tinha 27 anos em 2012 e ela, 21. Fiz um convite a ela, pra que viesse pro Rio, aproveitar o tempo livre até que arrumasse outro emprego. Ela topou! Meu Deus, que alegria. Há alguns meses antes, nós já tínhamos dado um passo a frente nas nossas conversas. Já rolava atração e troca de flertes e elogios. Ela sairia de Piracicaba, de ônibus, pra me encontrar. 

Eu ainda morava com meus pais. Ela deu uma desculpa pra mãe, para viajar. Pedi que uma amiga fosse o contato pra mãe, pra deixar ela mais tranquila. A mãe nunca deixaria uma garota do interior, tão nova assim, ir atrás de homem no Rio rs. E deu certo, nesse sentido.

Mal dormi do dia 01/11 pro dia 02. Fui buscá-la na rodoviária. Trocamos SMS e ela disse ter chegado. Nos desencontramos e demorei a encontrá-la. Quando a vi, de longe, ela ainda não tinha me visto, hesitei. Lembrei da minha adolescência, de não me sentir bonito o suficiente e dei uma congelada. Pensei: Essa garota vai me ver e vai dar meia volta. Fiquei paralisado por alguns instantes e resolvi ir até ela. Pulou em mim e me perguntou por que eu estava vermelho igual um tomate. Realmente, poucas vezes eu fiquei tímido como naquele dia. Era como eu estivesse vivendo uma outra vida. Saímos da rodoviária de mãos dadas. Antes disso, ela já tinha soltado que éramos namorados. Se ela tava dizendo, eu aceito rs. 


Continua...

quinta-feira, 29 de junho de 2023 0 comentários

Conversa além mar

 


Ainda assimilando, sabe? 

Foi uma conversa despretensiosa, não planejada e que fluiu.

Serviu pra esclarecer tanta coisa... tantos ruídos de comunicação.

Tantos desenganos. Tanto mal estar psíquico que poderia ter sido evitado.

Tenho poucos orgulhos nesta vida, mas entre estes poucos está o orgulho de ter sido o primeiro.

Ter te visto como especial quando a maioria via como " mais do mesmo ".

Não me arrependo de ter investido todo meu afeto. Porque você é tudo o que eu não tenho.

Essa forma de absorver o mundo, de sentir a flor da pele, essa pureza de ver as coisas como se fosse a primeira vez,..

Eu já tive, mas perdi, há tempos... Minhas características são outras.

Sou uma pessoa quase que totalmente desinteressada em ouvir, no dia a dia. 

Mas com você, ouvir é uma satisfação.

É como música nos meus ouvidos.

Sua voz me faz bem.

Saber que você existe e continua avançando, me revitaliza.

Ter certeza de ver você corrigindo rotas, me deixa empolgado.

Nem tudo é mentira, manipulação, bajulação.

Vivemos num mundo com tendência binária. Olho por olho, dente por dente.

Não precisa ser mais assim.

Máscaras...

Eu sei quem você é. Não se esconda de mim.

Eu amo o seu jeito, mesmo que você ainda não tenha aprendido a amar nestes 6 anos.

Erre, acerte, conserte, cate os cacos de vidro no chão. Mas não desista de seguir tentando.

Te admiro, te quero bem e tenho poucas expectativas.

Uma delas é que em qualquer momento que possamos entrar num tema acalorado, que o diálogo fique emperrado.

Você me lembre que sou seu primeiro namorado. 

Isso deve me acalmar e baixar a tensão.

E mantenha a porta aberta pra mim.

Se não for um dia legal pra você, volto amanhã.

Mas não quero ir embora.

E perder mais 6 anos...

Tempo em que eu acredito que poderia ter acrescentado algo, nos seus dias dark...

Você nunca está sozinho.

Se não houverem mais portas, eu cortarei o espaço e criarei uma.

Mas esteja atrás dela, pra me receber, sempre que puder.

É pedir demais?



segunda-feira, 15 de maio de 2023 0 comentários

Atualizando: 10 tópicos

 

  1. Estou num relacionamento feliz e saudável. Alguns problemas pontuais aparecem e são resolvidos, como é a vida. Faremos 5 anos juntos em agosto, batendo o recorde pessoal do meu primeiro relacionamento. Fizemos a união estável em março de 2022 e temos uma rotina boa juntos. Ele está com 22 anos e no 4° período de Ciências Contábeis. Ainda mora com os pais, mas bem perto daqui. Porém, passa boa parte dos dias aqui, comigo. Acho que morar junto, por enquanto, seria um desgaste desnecessário. Gosto de alguns dias sozinho, pra espairecer;
  2. Já se passaram praticamente um ano e meio da partida da minha mãe. Eu já estava tomando um antidepressivo leve, por conta de um Burnout que tive, seguido de Covid. A perda da minha mãe, acelerou um quadro de tristeza imenso. Recorri a uma medicação mais forte, receitada pela minha médica. Fiquei com essa medicação por um ano e agora comecei a troca. Foi como ficar um ano anestesiado, sem socializar. Vontade de não fazer exatamente nada. Sono, apatia e até falhas na memória. Mas meu stress zerou e pude me afastar de pessoas tóxicas, como meu pai;
  3. Devo fazer um ano sem falar com meu pai, em julho. Longa história. Ele nunca teve uma conexão real comigo, mesmo eu sendo ( aparentemente, pra mim) filho único. Consegue gabaritar os sintomas de pessoas narcisistas e fascistas. Um aturava o outro pra agradar minha mãe, apenas. Sem ela, não fazia mais sentido esse teatro. Falei várias verdades pra ele. Fez voto de silêncio. Não tem retórica o suficiente pra ter um diálogo decente. Bloqueei em tudo. A gota d'água foi saber que ele estava recebendo pensão pela morte da minha mãe. Sendo que eu também teria direito. Não é pelo dinheiro, mas pela falta de consideração. Que fique com o seu dinheiro. Longe de mim;
  4. Concluí, há alguns meses, minha primeira pós graduação. Me formei em Finanças Corporativas na PUC RS Online. Estudei lá por dois anos. Fiz TCC e deu tudo certo. Espero ter um pouco de valorização no futuro no quesito empregabilidade. Tendo formação em administração e essa pós, sigo fazendo mais duas graduações: Ciências Contábeis ( 6° período) e Ciências Sociais ( 4° período). Não faço contábeis por vocação ( acredito não ter nenhuma). Porém, caí de paraquedas na área, estou empregado e a empresa ofereceu uma bolsa de 70% nesta graduação. Resolvi topar, por ser online. O curso de Ciências Sociais faz parte de uma satisfação pessoal em ser um conhecedor das ciências humanas. Pretendo no futuro, formar uma trinca com história e filosofia;
  5. Me tornei um tsundoku inveterado. O tipo de pessoa que se interessa por centenas de assuntos e sai comprando livros, só pelo prazer de tê-los por perto. Não me pressiono em nenhum momento e não crio prazos para terminar certas leituras. Já passei de 1050 livros físicos em casa. Estou com 5 estantes lotadas. Quem usar o Skoob, deixa link pra eu add;
  6. Engordei bastante. Sempre me considerei acima do peso. Mas desta vez, as coisas saíram de controle. Escapismos: prazer em comer, preguiça, sedentarismo, facilidade em delivery, distanciamento social, relacionamento estável, agravamento da limitação física, influência do antidepressivo... Tudo isso virou bola de neve. Estou cortando alguns alimentos e substituindo. Tomara que dê resultado;
  7. Me mudei pra melhor casa da minha vida, até hoje. Fiz um ano nesta casa, em abril de 2023. O espaço é bem legal, tem uma varanda, localização estratégica ( perto do metrô) e o que é melhor: Silêncio! Não ouço nenhum barulho. Os vizinhos são super educados. Antes daqui, comi o pão que o diabo amassou numa vila. Isso aqui, perto de lá, é um paraíso. Outro ponto a favor é a privacidade: casa de fundos e independente. Ou seja: não preciso dividir corredor, esbarrar com quem não quero ou ter alguém prestando atenção na minha vida. Fantástico;
  8. Estou na mesma empresa há quase 8 anos. É uma empresa gigante, de geração de energia. A sede saiu do centro do Rio, pra ir pra Barra da Tijuca. Confesso que foi um grande baque e uma mudança de rotina. Hoje, consegui negociar uma flexibilização, por conta das minhas dificuldades físicas. E só compareço presencialmente uma vez por semana. O restante, trabalho em home office;
  9. Estou fazendo terapia desde 2018. Mudei de profissional várias vezes. A atual tem me ajudado bastante. Pretendo manter esse cuidado, nas questões sobre luto e pra melhorar questões não resolvidas, como assuntos pendentes do passado;
  10. Comprei um Xbox Series S, há uns meses. Tenho me divertido bastante. Alguns jogos eu consigo jogar com meu namorado, mesmo estando em casas separadas, de forma online. Isso é bom demais. Comprei alguns jogos que me interessaram, conforme foram entrando em promoção: Marvel vs Capcom, Mortal Kombat 11, The King of Fighters XV ( Luta ), Fifa 23, Resident Evil, Forza Horizon 4 e 5 ( corrida), Ryse ( Império Romano ), Batman Arkham's Knight, além do Rocket League, meu primeiro vício no Xbox, que é gratuito ( carros jogando futebol hahaha );

Por enquanto, é isso!

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Miséria afetiva

 


Tava dando uma olhada no blog do Três Egos e me identifiquei com a saudade que ele sentia de 2009, no auge dos blogs.

 Peguei o link do meu primeiro blog e comecei a ler algumas postagens e os comentários. Eu com 23 anos, na época, na minha recém descoberta orientação sexual. Era como se fosse um recém nascido. 

Analisei algumas coisas que me envergonham hoje. Acho que é por isso que deixei tudo lá. Pra que eu pudesse olhar pra trás e fazer esse " antes e depois". Era uma época com uma aparente " fartura de afetos". Não sei se me fiz entender. Mas era muito mais simples fazer amizades. Trocar confidências. Se mostrar, sabe? Parece que hoje, vivemos tempos cinzentos. De aparências, de obrigações... E de ostentar números em redes sociais. 

Marcar um encontro era algo tão simples. Mesmo com amigos. Era escolher um lugar, as pessoas e era quase a certeza de sucesso. Todos queriam estar próximos. Ninguém perdia a chance de estar ao vivo, em grupo, com pessoas queridas. A impressão era de que sobrava tempo livre. 

Me tornei um entusiasta neste assunto e descobri recentemente o estudo do Hartmut Rosa, sobre essa sensação de aceleração, no mundo neoliberal. Tô com dois livros dele pra devorar. 

Tenho tantas atualizações que não escrevi, que vou fazer uma postagem só pra atualizar algumas situações...





quinta-feira, 11 de maio de 2023 0 comentários

Angel from the nightmare

 

 

Trabalhando hoje no presencial e lembrando de algumas coisas.

Pensamento longe! Talvez nem tão longe. Não tenho como saber se é verdade que o prodígio está mesmo fora do Rio de Janeiro. 

Só acredito, vendo. 

Engraçado que essa foto desse anjo lembra ele dormindo. No primeiro dia, acabei fotografando seu sono, após termos nosso primeiro contato. Dormiu tranquilo, como se estivesse se sentindo seguro. Com alguém que o admirava.

A boca sempre em formato de bico, meio que de uma forma ranzinza. Não traduz muito o interior, mas é uma característica peculiar. 

Ouvindo The Smiths e querendo saber como seria ter a opinião dele, em tempo real, em cada música, cada livro, cada filme, cada lugar visitado. Aquela energia revigorante de querer algo novo. De saber identificar o sublime. Lembro quando me indicou o filme Call me by your name, com um brilho nos olhos, jurando ser uma obra prima . E realmente era. 

Aliás, hoje me identifico muito com a fala do pao do Elio. Sobre termos um tempo, escasso. E que passado esse tempo, nosso corpo vai deixando de ser e se sentir desejado. Chegou bem rápido, mas já me aproximo desse cume da montanha.

Aquela energia jovial, que ele disse que eu tinha, confessando a uma das minhas personalidades, parece que anda bem esgotada. 

Ouvir sua voz, te ver aprendendo novas coisas, conhecendo novos lugares, me dá um alívio, mesmo que venha com um aperto no peito. Eu não estou perto pra ver você crescer.

Uma voz dentro de mim insiste que eu deveria estar presente. 

Não tenho condições...

terça-feira, 9 de maio de 2023 0 comentários

Punhalada


 Ser apunhalado por alguém que você espera, te possibilita desviar, de uma forma a evitar um golpe fatal 

Porém, ser golpeado por alguém que você abraça, ama, cuida e tenta confiar, é um golpe covarde. Impossível de desviar.

Mentir olhando nos olhos. É preciso ser extremamente frio pra conseguir. Olharam nos meus olhos e me pediram pra relaxar. Foi a última vez que ele olhou nos meus olhos, antes do golpe.

Justificou ter problemas com a auto estima. Nunca tive essa limitação e passei a ter a partir dali. Como explicar?

Sangrando, procurei respostas. Todo tipo de pista que justificasse as ações. Nada se encaixava. Será minha intuição que deu sinais de não funcionar como antes?

Mas eu vi. Sei o que vi. Assim que chegou, beirando a linha do trem, com olhar perdido, eu vi. E só havia uma frase ressoando na minha alma: 

- Ele é meu e nunca mais vamos nos separar...

Eu vi o que eu queria ver? Talvez!

Eu vi por outro ângulo? Não sei afirmar.

Só sei que eu vi.

E minha vida nunca mais foi a mesma...

Ouvi que estava mentindo. Que não era amor. Como era possível ser? Como pode me amar se eu mesmo não me amo? Eu tanto amei, como amo. 

A pessoa que tinha certeza do que viu, continua com a mesma certeza, cinco anos depois. E eu estava mentindo? Seria mais confortável e hoje eu estaria bem. 

Não. Não estou bem. E parece que não há remédio pra isso. 

Fui impedido de ter respostas verdadeiras por todo esse tempo. Fui silenciado, por quem não queria lidar com a verdade. 

A verdade não era boa pra mim, também. Confesso. 

Assisti, de forma voluntária e masoquista, o ser amado, que dizia não procurar sexo e ao mesmo tempo não estar pronto para as responsabilidades de um relacionamento, flertar com 1, 10, 20, 30 caras. Muitos deles eram eu. Na tentativa de me aproximar de alguma forma, ainda que doentia. De mostrar que mesmo sangrando, ainda estava vivo.

Assisti cada música que ele ouviu e me dando sinais de que a vida continuava, mesmo com meu sangue se esvaindo. Sobrevivi ao fato de ele preferir transar com um técnico de internet, tendo a possibilidade de me procurar a 500 metros. É sobre auto estima?

Cheguei ao ponto de não acreditar mais em qualquer resposta. Mesmo as que me favorecessem. Virou um looping conspiratório sem fim.

Com o tempo, o único laço que me permitia ter acesso a seus batimentos cardíacos era a música. Em um dia comum, a música parou. Mas o que houve?

Se passaram dias, semanas. Com o pouco de sangue que ainda tinha, rastejei e fui tentar ajuda. Gritei.

- Onde ele está? Está vivo?

Como era de se esperar, não obtive resposta. 

Estava eu, preocupado com a pessoa que apunhalou. Que me tirou de uma rotina de vitórias, onde eu me sentia praticamente invencível. Que me fez voltar a humanidade, na sua forma mais frágil e vulnerável. Não me reconheço nesse corpo, tingido de sangue. 

Por um momento, tive um pouco de paz. Não sei se a morte havia chegado a mim ou se a tranquilidade era pensar na possibilidade da pessoa não mais existir.

Mas que insanidade é essa? Não é ético você sentir alívio. Isso não é amor. 

O inconsciente me dizia que se ele já não existia mais, não haveria mais necessidade de me levantar e afrontá-lo. De dar-lhe uma lição. 

Ele não existindo mais, não será mais meu. Nunca mais. Mas também não será de ninguém. Será esse meu conforto tão ou mais desumano do que a punhalada? 

O sol nasceu novamente. Continuo deitado. Resta pouco sangue no meu corpo. 

Tive a certeza de que ele ainda vive. Senti sua energia. 

Parece que não há mais nada a ser feito. O resto do pó da ampulheta está chegando ao fim.

O que pode ser dito? O que pode ser feito?

Não temos como consertar o passado.

Devo torcer por ele?

Difícil me imaginar num altruísmo tão avançado.

A única certeza que tenho é a de que se eu tombar definitivamente, talvez eu não seja o herói dessa história.

Me tornei o vilão na minha própria história.


 
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