Somente com a ruminação, é que nos apropriamos das experiências que tivemos, da mesma forma que a comida não nos nutre pelo comer, mas pela digestão. Se vivermos continuamente, sem pensar no que passamos, a experiência não se enraíza e a maioria se perde. Segundo Schopenhauer, este é um dos passos para alimentar nosso espírito.
No último dia 26/3, completei 40 anos. No aplicativo que simula uma troca de cartas, chamado Slowly, um garoto de 20 anos me perguntou :
- Como é ter 40 anos ?
Pensei em mil respostas. Mas a principal, prevaleceu : É não se levar tão a sério.
Isso porque muitas coisas que antes pareciam grandes problemas, hoje não passam de " dust in the wind ". Orgulhos desnecessários, achar que tudo se resume a vitória ou derrota... não é bem assim. Muitas derrotas, que pareciam ser acachapantes, não doeram tanto, enquanto muitas vitórias que prometeram uma grande satisfação, se mostraram vazias e com pouco sentido.
Ah, o que fiz no meu aniversário? Nada demais. Jantei num restaurante, com meu companheiro, meu pai e minha madrinha. Caiu numa quarta feira e foi difícil pra muitos amigos estarem comigo. Paciência. E não é nada demais. Acho hiper cafona grandes eventos pra comemorar estes múltiplos de 10, como se a pessoa fosse mega relevante, sabe? Acho simplesmente cafona e um gasto desnecessário de tempo, dinheiro e carisma ( os dois últimos, bem escassos por aqui rs ).
Minha rotina nos últimos anos tem sido confortável, a meu ver. Não tenho muito o que reclamar. Meu companheiro assumiu muitas tarefas domésticas que antes minha mãe me ajudava. A rotina se encaixou, de uma forma funcional. Ele tem estudado por EAD e posso me dar ao luxo de não precisar que ele trabalhe, por enquanto. Pro nosso nível de consumo, meu salário tem sido suficiente. Falta apenas uma melhor disciplina financeira, algo que nunca tive.
Este aniversário é o 4° sem minha mãe, no plano material. É uma forma de ter noção do tempo, de como é efêmero e fugidio. Passou muito rápido. Desde dezembro, cessei o uso de antidepressivos, decorrentes do luto. Tenho tentado me virar sem eles e é uma redescoberta.
Voltei a falar com meu pai, depois de 2 anos e meio de hiato. Acho que foi bom pra ele se organizar mentalmente e das coisas que fazia errado. Temos um contato melhor, hoje em dia, com limites bem claros, pra ambos os lados. Nada de invasão de privacidade.
Esse ano também marcará meus 7 anos de relacionamento com meu atual companheiro, o que é algo a se comemorar muito, em tempos de relacionamentos extremamente frágeis e contaminados pelas falsas promessas das redes sociais e do capitalismo tardio.
Tenho procrastinado quanto aos estudos. Este ano tenho um TCC da pós em Ciências Humanas e já preciso entregar em julho. Ainda nem pensei no tema. Outra questão é o estágio em Ciências Sociais, que pedem pra elaborar e dar aulas de dois temas, como se fossem cursos online. Preciso entregar em 2025 também e não escolhi os temas. Tem também uns cursinhos da Alura e da Casa do Saber. Assino ambos e mal consigo acompanhar tanto conteúdo.
Estou terminando uma leitura, pegando um sol da manhã, em minha varanda, do maior pensador vivo, na minha opinião, professor Gilles Lipovetsky ( FRA ). Tive o privilégio de ter aulas com ele na minha pós na PUC RS e consegui trocar mensagens com ele no LinkedIn. Ele é crítico desse capitalismo, que esvazia nossa existência e soterra nossos valores. Acho super complementar ao pensamento de Bauman e também de Baudrillard. A capa do livro é muito simbólica pro meu momento: um balão, se desapegando de saquinhos de pesos desnecessários, pra seguir levantando vôo. Deixo minha recomendação.
A vida vai dando sinais de que sempre seguirá indo em frente. Na última semana, completei 40 anos e estes números são bom divisores de águas: Oportunidade de refletir sobre o que ainda faz sentido e o que não faz mais.
Uma série que marcou minha juventude e que ainda revejo, junto a meu companheiro, de vez em quando, é The Vampire Diaries. Muitos me perguntam, por que eu, que gosto de tramas mais rebuscadas, me encanto por algo aparentemente fútil e raso. A série é bem adolescente, mas fala muito sobre morte, luto, perdas no geral... mas principalmente sobre amizade, relacionamentos e o valor da palavra dita. Essa foto é de um episódio ( 4x02 ), em que os personagens resolvem parar, pra se despedir das pessoas que já se foram. Sim, é uma sequência de eventos tão traumáticos e acachapantes, que eles não tiveram tempo pra assimilar o luto. Um fato marcante e relevante, foi que ao pesquisar por essa foto, descobri que a autora da obra, que virou série, faleceu neste março de 2025. Muito simbólico.
Pensei em me despedir, nesta postagem, de várias pessoas, que se foram. Estando vivas, ou não. A principal delas, obviamente, é minha mãe. Ela partiu em dezembro de 2021 e desde então, tenho lidado com esse vazio, dia após dia. Acho que não tenho como deixá-la ir. Faz parte de mim. Nos últimos meses, realizei parte dos últimos cuidados com o corpo dela: Optei pela cremação dos restos mortais e devolveremos ela ao mar, à natureza marítima dela, de uma família de pescadores. As cinzas dela estão guardadas aqui, até marcarmos um dia pro ritual, em que ela voltará a natureza. Um agradecimento por toda a vida e o cuidado que ela sempre teve com todos. Meu companheiro acompanhou toda a exumação e fiquei apenas observando de longe. Não havia psicológico pra ver de perto, os ossos e tudo mais. Fiz o que pude, pra não deixar que descartassem o corpo dela, como lixo. O corpo dela gerou a minha vida e precisava ter esse zelo. Pra mim, é o mínimo.
Nos últimos anos, também me despedi de amizades, que eu achava que seriam pra sempre, por já terem mais de uma década. Porém, os desentendimentos da vida online, as mudanças de perspectivas e os traumas de cada um, geram muitos desencontros. Me afastei e deixei ir. Sempre acho que se em alguma situação, o problema da pessoa sou eu e a vida dela melhorará estando longe de mim, ficarei feliz em solucionar essa questão, indo embora. E não volto mais.
Isso vale também pra antigos amores e afetos. Mantive contato com muitos, como forma de manter minha memória viva e vê-los avançando na vida. Porém, vivemos em uma sociedade extremamente utilitarista. Muitos vêem o "manter contato " como algo que precisa ter algum objetivo. Não vale mais nada apenas ter carinho e se preocupar com a pessoa. Não. Isso sem contar com a enorme dificuldade das pessoas em lidar com seu próprio passado, suas escolhas e suas não escolhas, que fizeram este presente. Deixei ir.
E acreditem ou não, também há perdas, pra mim, que são simbólicas, por serem artistas ou personagens, que fazem parte da construção da minha identidade. Alguns se foram, e a ficha não caiu. Talvez por eu gostar tanto, ou porque a obra se torna quase que imortalizada, seja por forma de música, filmes, livros, seja pelo impacto que eles tem na minha memória. Deixarei alguns exemplos e me despeço por hoje.
George Michael
Michael Jackson
Dolores O'Riordan ( The Cranberries )
Maurice e Robin Gibb ( Bee Gees )
Johann Johanson ( Trilha sonora filme Teoria de tudo )
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