sábado, 1 de junho de 2024

Salve, Thomas Mann !

 


Sinto que nunca terei o prazer que tive em "Morte em Veneza", de Thomas Mann, em outras leituras. E o curioso é que 99% dos leitores dizem que " A montanha mágica " é sua grande obra. Tentei começar essa grande obra, mas é uma grande maratona. É pra leitores mais focados e disciplinados. Preciso parar e ler somente este livro, são mais de 700 páginas. Quem sabe, em breve?

Hoje chegou uma encomenda que fiz a um vendedor de raridades no ramo de mídias. O filme, adaptação da obra de Thomas Mann, vencedor do  Festival de Cannes de 1971. A cópia que eu assistia no Youtube foi removida por direitos autorais e já era de se esperar.

Morte em Veneza foi publicada em 1912. Imaginem como deve ter sido pra Thomas Mann, dar esse grande passo e visibilizar , em meio à escuridão, que os bissexuais existem? A última tentativa, no ramo da ficção, havia sido com o grandioso Oscar Wilde, que chegou a ser preso e forçado a trabalhar na prisão, por " sodomia ". A sociedade demonizava, muito mais que hoje, qualquer variação que fugisse da heteronormatividade. Esta obra foi baseada numa utopia, da cabeça de Thomas Mann. Sua esposa confessou que eles estavam em Veneza, quando ele avistou um garoto extremamente belo e ficou obcecado por ele. Não se sabe se Mann contou a ela ou ela apenas reparou. Ruminando e criando utopias, Mann meio que germinou essa grandiosa trama. Sua família era muito tradicional e não havia espaço pra que ele assumisse sua bissexualidade. Inclusive, seu irmão Klaus Mann, também era LGBT e conseguiu ter uma vida mais autêntica. Thomas Mann sempre o invejou, pela coragem de se arriscar naquela época. Porém, a falta de uma rede de apoio, fez com que o irmão
de Thomas e autor de " Mephisto " cometesse suicídio.

Numa promoção, nos últimos meses, adquiri uma edição´de uma novela, ficcional, sobre a vida de Thomas Mann, escrita por Colm Tóibin. O livro aborda, de forma extremamente intensa, como era a rotina do grande escritor, que teve que se exilar, por ser um grande opositor do Nazismo, de Hitler. Mann liderou discursos, mesmo fora da Alemanha, sendo uma das vozes mais marcantes e trazendo esperança pra muitos alemães, em meio ao caos da carnificina da Segunda Guerra Mundial. Mann era cotado por grande parte da população pra ser o primeiro presidente da Alemanha, pós nazismo e reconstruir a nação, destruída e dividida. Ele sempre se negou a participar desta forma, se limitando ao papel de pensador e intelectual. 

Geminiano, bissexual, vencedor do Nobel de literatura e anti-fascista. 

Como não admirar Thomas Mann ?


Fonte: Editora Companhia das Letras



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